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Passa Por Lá

Passa Por Lá

21
Dez06

Jogo

Carolina
A tua Vida é assim,um jogo! O limite é o fazer, construir, ganhar. Fazes tudo como se construísses uma casa, jogas! Pões as peças onde queres, almejas um bom resultado no fim, mas estás sempre a procurar primar pela boa exibição...
Um dia, entrei nesse jogo, na simplicidade do acto, no calor do impulso ou simplesmente seguindo esse magnetismo teu que atrai o estranho, pelo menos pelo que vejo e sei, são estranhos os ímanes que chamas a ti, tão estranhos que já me levaram a questionar o que sou, o como sou... Mas não é esta a parte que tem relevância, porque quando entrei neste jogo, entrei por ti, para ti, contigo, longe de saber que a tua vida era muitas vezes pautada pelo entra e sai da noite, pela correria de rostos que passam, que olham e ainda pelos que fazem como eu, seguem o impulso.
Entrei no jogo porque dei o passo em frente, porque ainda hoje sinto que se não fosse assim, não tínhamos sentido o mutuo em que tantas poucas vezes nos transformámos.
Tudo isto para dizer que fiquei ali, no teu jogo. O teu jogo de palavras, o teu jogo de escondidas, de chegar e fugir, de chegar e ficar, de chegar saborear e partir para outro campo. Fiquei ali entre os teus dedos de comando a levar-me em frente. Só muito, muito, depois de saber tanto de ti, de perceber o que eras, como eras, e que o que dizias era o mero jogo de palavras, tive noção que a tua vida é como uma táctica, umas vezes mais ofensiva outras muito muito defensiva. Umas vezes queres, outras negas a ti próprio.
Resumindo és complicado, jogas difícil, defendes-te no jogo, mas queres ficar por ali, como o treinador, neste caso, de uma pequena equipa, onde eu fui sempre pivot e tu claro dono da bancada.
Mas gostei de jogar, de me envolver na táctica, de sentir como eras, como era contigo, gostei de perder, de ganhar, e de ir percebendo que mesmo no jogo mais objectivo e pragmático se perde o controlo.
Durante este tempo, que agora já lá vai,muitas vezes doeu, muitas vezes senti picar cá dentro e nada disse, nada quis sentir, nada quis que soubesses, quis ir jogando, entre uma lesão e outra, quis ficar sempre ali mesmo quando sabia que doía de mais entrar em campo.
Não quero para mim este jogo a vida toda, ao contrario de ti, o meu jogo ultrapassa as quatro paredes de uma casa, dos mesmos lugares, gosto de transformar os meus dias em tudo o que não sei que pode acontecer.Obstinada sim, mas não obsessiva pelo vicio de jogar.
Joguei contigo e não me arrependo, nem do prazer que tive, nem da dor, mas agora, com o jogo quase parado, nada me doeu mais, que esta nova prova que inventas-te, nada me doeu mais, que esta forma que escolhes-te para conhecer, ouvir, o que tantas vezes pensaste saber... sim, és tu aqui dentro, és tu que estás, és tu a pancada, a dor a ilusão a vontade, és tu que eu quero, és tu que não queres, és tu que não tens, és tu que és assim...a vida não para, os jogos as vezes sim...se pudesse esperar talvez esperasse, pelo menos antes de doer como ontem...antes de não entender o porque desta história, deste meter e mexer assim coberto, escondido.. Quando quiseres saber pergunta, quando quiseres eu digo, assumo...como também sei que tens tantos outros jogos por aí...também sei falar e assumir que o meu tempo não pára, e que para ser eu tenho de andar com ele... Mas quando resolveres querer algo assim, por favor passa por lá, mas não magoes...já doeu que chegasse!!!

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