26
Jul07
Especial...
Carolina
Cada sussuro quebrado no vento, o no treixo incerto de uma névoa qualquer que se põe nesta ou noutra manhã, no outro e em qualquer um amanhecer, é bem especial. Cada respirar e bater de folhas, melhor folhagens que se batem até o cair desmiolado do outono, é especial... Cada pessego que acaricio como se tivesse um bébé em minhas mãos, tentando arrepiar-me com o doce agreste da sua pele amarelada é especial...
Cada regresso e cada partida, cada lugar e cada sentido, lugar nenhum e tanto silêncio, tudo conotado de especial. Cada vontade, cada umbigo unico a assumir-se como o mais egoista de um orgão do corpo que sabe que não é, é especial...
Cada desejo e cada desarme, cada cabelo que cai e escorrega pelos meus ombros, ainda agora e aqui, com a força de quem já não se aguenta agarrado é especial... tão especial como o momento, a cegueira que poderá carregar, o entusiasmo ou a desistência, o estranho, o que não se vê e não se conhece, o que se descobre e o que se encobre, e porque não a minha, a tua voz...
Cada solto e tremulo ar que exalas que nunca bate aqui, na ninha nuca, que nunca passa para a frene dela, devagar, como que inaugurando um espaço que nunca se abriu, cada restia da água da tua boca a que nunca passa aqui entre a minha orelha e a linha que descando termina bem junto ao meu seio esquerdo. Cada mão tua que não me toca e cada mão minha que não as conduz por mim...tudo simplesmente especial... Cada caminho do teu corpo, que não tenho, em mim...cada som que não ouço, a chegar longe e perto ao meu ouvido...cada olhar e cada fechar de olhos, cada aperto bruto, que não dás nos meus braços, e cada vez que a minha carne, que não sentes, suavemnete se deixa prender entre os teus dentes...Cada vez especial!
Talvez especial como as quimeras,os oasis, as simples realidades, os pesadelos e as palavras duras, os abanões, as pressas e as tropelias. Especiais como as promoções do super mercado, como as viagens e os passeios de quarta feira a tarde, que podia ser outro dia qualquer...especiais como tudo o que não disse, como tudo o que são e mais um todo infinito do que sempre o tudo poderia ser...
E depois há quem diga...especiais como tu...
Para mim, sempre melhor do que o diz, é o que sente esse especial, o que o vê...e que não precisa de o dizer, para o exteriorizar, para o viver... pena muita, que seja sempre este o que mais teme passar por lá, para poder ser, olhar, esconder, sentir, ainda Mais Especial..