07
Jul14
encontro(s)
Carolina
às vezes aprendemos a mudar a nossa visão das coisas,
tenho aprendido aos bocadinhos a não olhar para todas da mesma forma, a não querer que todas sejam comigo, e as que são aprendo todos os dias a escolher a importância que lhe quero dar.
se tem sido fácil?
definitivamente não, nada.
tenho sido personagem principal nesta rota de aprender e tenho contado com muita ajuda, alguma declarada, outra de tantos que nem imaginam que me ajudam de muitas formas.
acredito que o encontro comigo mesma tem sido o melhor aliado nesta busca. de lá para cá tenho-me encontrado muitas vezes, em muitos pontos do mundo, em muitos dias, de muitas formas. uma constante é que muitas vezes na solidão destes encontros, estás tu também comigo. (a percepção do vento, da sua mudança de direcção, da sua força ou calma... é o encontro com o tempo e com a maior de todas as certezas, a da constante mudança....)
Adam’s Peak (Srilanka,2013) |
estás comigo nas subidas, nas caminhadas, nas miragens, nas gargalhadas, nos sonhos, nas photos e nas viagens... estás comigo quando não estás, quando não sabes, quando eu me esqueço, quando não me lembro (sim., não são o mesmo)... quando passo por lá!
num destes ou em tantos encontros aprendi uma nova definição de amor, para lá da efusão e da companhia agitada em tudo o que se acha que existe para ser vivido com os outros, há um equilíbrio
maior.o meu amor sabe habitar comigo a minha solidão.preenche-a sem a afectar, sem querer ser mais importante do que ela, sem disputar a sua atenção.
tu sabes estar Só comigo, eu sei estar Só contigo... descubro amor nesses momentos, onde o silencio não ecoa nos nossos corpos, nem se compõe dos nossos pensamentos. aprendi na solidão com o meu amor a não pensar em nada, mesmo que por breves momentos, aprendi que é possível, sem querer descobrir de forma repetida porquê.
há nestes momentos, na reflexão que lhe faço à posteriori uma certa calma... uma harmonia que chamo de plenitude, o momento feliz.
porque não me alongo em discussões sobre a felicidade, que só existe na totalidade para ingénuos e muito loucos, a baixo do elevado grau de loucura vivemos os momentos e sabemos de forma consciente, racional e reflectida, que muitas vezes a felicidade nem é o que procuramos. somos racionais de mais para aguentarmos tanta felicidade junta (sorrisos) somos racionais que procuram com muita tenacidade uma felicidade muito exigente, preferencialmente carregada de produtividade, pro-actividade, comunicação, perfeccionismo e espírito de equipa.... (gargalhadas). depois somos tão racionais que temos medo de dizer que somos felizes, não vá alguém ter inveja, rogar-nos uma praga ou deitar-nos um mau olhado e levar tanta coisa boa de nós para fora (agarrada à barriga a rir).
e pronto diz que é mesmo assim....
e acabei de me perder no maior objectivo deste texto, que supostamente se devia focar no encontro comigo e na sorte de encontrar por tantos lugares por aí, perto de quem mais gosto, junto ao mundo onde pertenço.
continuo a saga deste caminho, desta aprendizagem iniciada , onde não há fim à vista, ou miragem do ponto onde termina... e onde o não final lhe dá sentido, combustível e força para que continue, que passe por lá, que se engane, que se queixe, que se contemple, que se enalteça, se esmoreça, e descanse, no melhor dos silêncios, aquele onde o amor pode muito bem habitar em carne e osso, e ser forma do mesmo.... no silêncio onde se alinha o encontro com o nada que nos limpa a alma e nos dá espaço para continuarmos a ser nós....