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Jul13
consertar
Carolina
há dias em que nos comparamos a maquinas, tamanho é o nosso tictac constante, ou tamanha foi a obra do ser humano que tão bem se replicou a ele próprio e se transportou para o que inventa. nesses dias somos mecânicos, imparáveis, invencíveis na velocidade, novos, lindos, feios, barulhentos, velhos e a necessitar de manutenção. depende sempre dos dias...
sinto que muitas vezes parece que nasce desta sensação "mecanicoinformatizada" que temos do que somos e do que está a nossa volta, aquele a que chamamos de poder de consertar as pessoas. e repetidamente temos uma vontade grande de o fazer e fazer, uma e outra vez. confundimos depois este poder com a nossa vontade, as duas coisas misturam-se e achamos que somos mágicos e num toque mais sublime que o de Midas vamos juntar as peças partidas do que partiu, de quem mandou tudo ao chão, de quem se maltratou, de quem num momento se esqueceu do que é e do que somos, e mais ou menos voluntariamente deitou tudo no lixo e foi em frente, despedaçando construções de tempos enormes. assumimos poder nos cacos dos outros e queremos voltar a olhar para quem errou de forma igual há do tempo passado, numa controvérsia do que sentimos e certos do poder que temos em conseguir concertar tudo outra vez,uma e outra, e tantas.... alguns percebem que no fim de mil passagens iguais em erros diferentes, com a mesma fracção a participar em todas as operações, que não há poder de conserto para o que constantemente se quer remendar, que se acabaram as peças, depois de saídas novas series, ou então que ninguém tem poder de consertar o que vem dos outros, há excepção dos "outros" próprios... passemos por lá as vezes que quisermos, e tentemos ser a ajuda, o meio, o apoio, e ás vezes ainda espectadores, seremos sempre parte de quem se desconsertou num tempo e se quer consertar, e parte nenhuma junto daqueles que partem tudo em loop por falta de vontade de conserto, (digo eu, claro, assim sendo vale o que vale) parece-me que é mesmo assim nestas coisas e...em muitas outras coisas! solução, andar para frente, porque o mundo é um vazio muito grande cheio de boa louça para partir e ajudar a colar, sabendo à partida que nunca voltará à forma inicial! ás vezes parecemos máquinas, e mesmo essas têm limite de "consertagem"; o segredo reside em não esquecer que nós ainda só parecemos... não sendo, o resto já se sabe...pode remendar e remendar e não dar para consertar! esperemos que vá dando! ;)