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Passa Por Lá

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16
Out14

a solidão de nos morrerem coisas vivas!

Carolina
Asolidão de nos morrem coisas vivas é uma treta qualquer, creio que já pareceu emtítulos de livros, frases feitas e cenas, na expressão simples: morreste-me !

Osdias morrem todos dos dias entre o sol e a lua, a nossa alegria vai-se morre noseu auge no improviso de algo que só porque lhe apetece, aparece. 
veme "fode" tudo, ou pelo menos aquele tudo que nos absorvia, que nosmimava e nos fazia sentir os vencedores, mesmo que de pequenas metas...
(estása ver um dia perfeito, e depois tens um furo no pneu, e nenhum amigo para teatender o telefone???, é mais ou menos isso).

Àsvezes acho que a vida é sempre esta merda, ficas sempre a um cm da perfeição,(que a sociedade te exige) para não te esqueceres que há vento, e coisas, ecoisas e coisas para lá de ti. avisa-te que na essência mais só do que és, tensde te recordar sempre que o que ainda agora é já foi, e tens  de estarpreparada para ao já a seguir, sem saber se é bom ou mau. Sinais que não tepodes acomodar a um estar tudo bem, ou bem demais!

Coisasde merda, não avisam, chegam, complicam, incham-nos os olhos, embrulham-nos oestômago embargam-nos o dia... mas depois arrumadas numa gaveta serãoresolvidas.

Ascoisas são de uma solidão menor e por vezes mais simples, pelo menos maissimples que a solidão de coisas com pessoas...

Asolidão de nos morrerem coisas vivas, é um cagalhão do qual nos temos que irlivrando, pouco a pouco, com a serenidade de um tempo que passa, e um amormaior que temos de cultivar pelo que somos, e pelo bem dos que nos queremsempre.

Écomo estar deprimido e começar por ouvir um musica que nos leva ao pranto e adias de olhos inchados, mas que vai melhorando. 
Quandoas coisas vivas escolhem morrer para nós, a dor não é menor, é diferente.constroem-se memorias boas do que foram, do que gostamos delas, do que vivemos,e colocamos cada uma delas, na gaveta das histórias, do lembras-te.... há umaaltura que nos esquecemos da voz, do olhar, do jeito do corpo, e nessa alturasabemos que morreram para os nossos dias, porque voltaram uma e outra vez e nãoestavam iguais, porque deixaram de nos procurar, deixaram de atender otelefone, de querer saber de nós.... escolheram um caminho onde não podemos sermais juntas. 

Istode ser crescido, e isto de ser mulher,  ensinou-me a fazer o luto destasmortes, parvas, tão parvas como a morte de um a familiar, num dia tens umamigo, no outro ele escolheu morrer para ti. (as amigas, são as melhores aescolher morrer-nos). A crueldade que isto encerra, senhor, nunca estamospreparados para a morte, e para estas mortes vivas também não... 
Andamosem luta, perguntamos a nós se fomos nós, o que fizemos, e depois percebemos quenós somos apenas enlutados sem razão. 
Esteluto nem sequer é das relações do domínio do amor carnal, mas daquele amor queachamos que temos e têm por nós, os amigos, a família que escolhemos, aquelesque são ou foram em alguma altura parte do nosso melhor...
Sercrescido, ser mulher, ensina a aceitar... a lembrar e conservar as melhoresmemórias, a manter aquele gostar pelo que as pessoas foram na nossa vida, eaceitar essencialmente que o que são agora. são um  não é nosso, nem donosso interesse, porque para o tempo que partilhámos esse amigo escolheumorrer. Não podemos nós escolher a dor deste luto, porque a vida, os caminhos,a vontade de quem não quer estar, ser ou ficar  não é uma  coisa morta,mas outra forma de vida, nós seguimos a nossa, certos de que os caminhos sãocomo são e serão o que tiverem de ser. 
Otempo passa, deixamos o luto, vivemos mais, o caminho continua, e da solidão denos morrerem coisas vivas, ficam as lembranças, afinal são sempre elas queficam depois da morte. 

Jáagora, só me morreste porque quiseste... 
Jáme esquecia, sou católica e acredito na ressurreição... afinal as vidas sãofeitas de portas abertas para aqueles que querem estar! 





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