Quando começámos esta aventura, depois do pânico nos primeiros dias em que escondi suplemento das enfermeiras que queriam à força que o desse ao meu filho, não sabiamos bem onde chegaríamos, mas cá estamos,chegámos aos seis meses de amamentação exclusiva.
Acreditem que durante estes meses a minha maior ajuda foi mesmo o meu instinto, mesmo naqueles primeiros dias em que nos passa pela cabeça que não sabemos nada sobre por a mama de fora.
Perdida e com medo comecei logo na maternidade a seguir o que achava certo. Um mamilo invertido e um bico de silicone, algum medo e não ligar muito a enfermeiras chatas, resultaram numa saída tranquila já com leite e sem sintomas da subida.
Zero mastites, Zero dor, parecia estar tudo tranquilo.
O meu objetivo seguia a ser o mesmo de quando iniciei esta caminhada, amamentar dia-a-dia, ver onde conseguia chegar. Confesso que senti muita pressão em que tudo corresse bem. Acho que nos nossos dias, existe tanta pressão para amamentar, como já foi forte a ideia que melhor era alimentar bebés com leite artificial, e que existe leites fracos. Uma mãe que não amamenta é hoje um bicho culpado de não ter leite ou não se esforçar, quando nem sempre as coisas são assim ou são fáceis.
Contínuo a defender que uma mãe tranquila será melhor mãe, seja a dar mama ou biberon.
Nas primeiras semanas, acho que devido ao trauma da maternidade, pesar o Xavier significava ter um ataque de nervos. Um pediatra desdramatizador e a confiança que fui ganhando a amamentar em livre demandada fizeram o resto. Houve semanas de pouco aumento de peso, o Xavier gostava de mamar rápido e não engordava tanto apesar de mamar mais vezes. Mas mês a mês o seu desenvolvimento estava dentro da média e eu comecei a ficar mais tranquila. O pediatra dizia:fique orgulhosa do que está a fazer e não ligue ao que os outros dizem.
Estar em casa permitiu-me chegar aos 5 meses e continuar a alimentar o Xavier só com o meu leite. Ao longo deste tempo ficou mais fácil por as maminhas de fora em qualquer lugar, o Xavier entretanto deixou de gostar de estar tapado e não houve fralda, pano ou avental de amamentação que ele quisesse, nada a fazer a não ser ficar tranquila e confortável com a amamentação, (esquecer as mamas flácidas e gigantes) sem reservas ou vergonhas.
Em casa, maminha de fora foi dress code muitas vezes. Amamentar tornou-se cada vez mais normal.
Até que sem explicação, entre o quinto e o sexto mês tudo se complicou, o Xavier descobriu que existia um bico de silicone que se podia tirar e resolveu brincar com ele, e à força toda quis mamar sem ele. Foram 5 dias horríveis, mais alguns menos bons que coincidiram com o meu ciclo menstrual onde por norma tenho menos leite.
Mas o mais grave e desolador, era ver que ele não sabia pegar no meu peito sem o bico e a última mamada do dia era terrível para mim e para ele. Ele queria mamar e não sabia e tentava e irritava-se, eu só de pensar que isso voltaria a acontecer entrava em stress. Durante a noite colocava o bico e ele lá se ia enganando, mas antes era desesperante.
Valeu o Stock do leite congelado, a bomba e o pai em casa. Muita paciência e uma nova rotina mais trabalhosa. Depois de o por na mama, ele nada satisfeito chorava e lá ia o pai com o biberon enquanto eu tirava leite. Pouco a pouco depois de muitos nervos e numa das vezes bem perto de desespero e de ter pensado em ir à farmácia comprar uma lata de leite, o Xavier aprendeu teimosamente a mamar, eu senti as dores nos mamilos que não tinha sentido no início da amamentação, tivemos os dois dias menos bons.
Passaram. Voltámos ao normal. O Xavier voltou a mamar tranquilo e sem bicos de silicone, sem fome e sem choro. Assim chegamos aos seis meses. Preparamos os agora a entrada no mundo dos sólidos, ando agora em busca de bons babetes para minimizar os danos normais.
Sigo sem expactativas, dia-a-dia, amamentar até quando nos fizer sentido e for compatível com a nossa rotina. Sem pressões, cobranças ou muitos planos. Confesso que me sinto feliz por ter chegado até aqui e por ter conseguido fazer algo que nas primeiras horas depois do Xavier ter nascido era ainda uma incerteza.
Nem sempre maravilhoso, fácil, muitas vezes controlador do nosso tempo e independência e alguns desejos, acabou por fazer sentido até agora. Daqui po diante todo um novo caminho, maminhas de fora, comida, as duas coisas, outra qualquer, vamos ver como corre! Vou seguindo o meu instinto com a certeza que vai correr tudo bem.