A saga das compras, as saídas e porra das prioridades!
Estar grávida ou ter um filho do tamanho de um nenuco não é doença, dizem uma serie de entendidos.
De facto na maior parte das vezes, e ainda bem, não é.
O certo é que se as mulheres grávidas ou recém mamas, ficam em casa são muitas vezes acusadas, pelos mesmos entendidos, de frescuras a mais; ouvem repetidas vezes coisas como: no meu tempo, isto e aquilo e eu fazia e acontecia e os meus filhos estamos bem, agora é tudo um ai jesus.
Se saem de casa, são acusadas de desleixo por por estarem muito grávidas e não pensarem no bebé, se saem com um bebé ser muito pequenino, são doidinhas e sem noção por roubarem os lugares na fila aos outros nos locais onde resolvem ir. Ouvindo repetidas vezes coisas como: se está bem para vir às compras, está bem para estar na fila, ou quem é que sai de casa com um filho de um mês, devia mandar o marido, ou não trazer a criança.
Pois bem. Grávida não sofri muito com estas situações de estar sempre a ouvir estas coisas, talvez porque gosto de fazer compras com aqueles dispositivos rápidos, ou então porque era muito recente a lei que dava prioridade e as pessoas seguram a língua.
Mas se não ouvi estas bocas, sofri com olhos tortos e míopes, que é como quem diz, olhos das pessoas que na delas pensavam, estou aqui, mas não estou a ver que estás grávida, por isso se não disseres nada ficamos assim, se te acusares peço desculpa e digo que não te vi. (quem me viu grávida sabe que era dificil não me ver, mesmo).
O meu marido chegou a gozar muitas vezes com a situação e dizer: não ela não está grávida, aquilo são gases.
E que grávida gigante que eu estava.
Já depois de parir, achei que as pessoas eram mais tolerantes e simpáticas para os bebés, mas começo a achar que não.
Destes dias, saímos de casa para almoçar os três. Fomos a um conhecida pizzaria da cidade, e pensámos que num dia de semana, já depois das 15h não íamos incomodar ninguém. Tentámos reserva mas não faziam.
Chegámos e encontrámos o lugar cheio e fila de espera.
À nossa frente uma mãe com um bebé de um ano, creio eu, acompanhada pela avó da criança. Prontamente foi convidada a sentar-se e passou à frente das pessoas que aguardavam. De seguida fomos abordados pelo chefe de sala que nos informou que iria preparar uma mesa para nós com espaço para o carrinho, e nos sentaria de seguida. Nem nós nem a senhora da nossa frente solicitámos o atendimento prioritário e confesso, que abona a favor do espaço este tipo de rápida atenção para com o cliente, e ficamos satisfeitos claro. O Xavier acabava de adormecer, tinha mamado antes de sair de casa, com sorte teria uma hora e qualquer coisa para almoçar mais tranquila.
Assim foi, lá passamos pela fila, e fomos para a nossa mesa. Caricato foi ouvir uma senhora com idade da minha mãe dizer alto e bom som, em tom chateado, F^^^-se, outra vez, isto agora é sempre assim!
Eu e o empregado ignorámos a senhora, que passados dez minutos já estava sentada na sua mesa, mas não consegui deixar de olhar para ela, mesmo na cara, e perceber a forma rude que teve para mostrar o seu descontentamento.
Mais uma vez comprovo que em muitas destas situações em que as prioridades incomodam, são as mulheres que mais se revoltam e manifestam, e ainda as que mais vezes fecham os olhos para não ver grávidas e crianças ao colo de suas mães, mesmo que sejam aquelas que mais vezes passam pelo esquecimento ou não cumprimento da prioridade.
Já nem vou falar de lugares de estacionamento...onde o civismo fica esquecido.
Seria bom que as mulheres e os homens, as pessoas no geral percebessem que:
- muitas vezes as grávidas não estão acompanhadas e há coisas que têm mesmo que fazer, porque não se fazem sozinhas.
- ir com uma criança ao super-mercado não é agradável na maior parte das vezes, seja ela um bebé ou tenha 5 anos, mas no caso de um bebé que se alimenta através da mãe, não há como deixa-la para fazer estas coisas, às vezes andamos com eles para todo lado mesmo.
- em qualquer situação, as mulheres vivem, devem ter momentos de lazer e diversão, devem fazer coisas que ultrapassem o ficar a olhar uma barriga crescer ou ainda mudar fraldas e dar de mamar.
- muitas vezes sem tempo para cozinhar, caras pessoas, temos mesmo de ir jantar fora.
- acreditem ás vezes não é facil andar a tentar fazer alguma coisa e ter um bebé de duas em duas h com fome, as coisas demoram o dobro ou o triplo do tempo.
Pedir bom senso seria bom, ter civismo no dia-a-dia seria ótimo e facilitaria a vida de todos.
Pouco a pouco talvez as mentalidades evoluam e possamos ser mais tolerantes com as pessoas, e viver melhor com estas leis da prioridade, sem nos lembrar-os que são leis, mas que são simples formas de bem conviver com os outros.
A saga das compras, bem mais dificil que os passeios e as saídas, a gente vai resolvendo, com as compras online, o pai e até a sogra, e de vez enquando, quando não temos mais opção, lá nos calha a aventura ir passar pessoas à frente na fila do supermercado!! Depois da saga de meter o bebé e mais tudo o que ele pode precisar e sairmos sem nos esquecermos de nada, pode ser que seja divertido.
Aos mais descontentes com a porra das prioridades que só foi feita para lhes estragar a vida, deixo a dica: façam uma petição para mudarem a lei, pode ser que consigam.