24
Ago16
e depois...
Carolina
prato cheio, fome, frio, calor, dias quentes, outono e inverno, camisolas gigantes para dormir no sofá, meias com aviões, sofá novo, muitas almofadas.
chá quente num bule antigo, livros por todo lado, lápis de cor e mantas.
um ou outro cabelo branco, rugas nos olhos, a escova de dentes dura, a mala sempre pronta, dia e noite, manhã e tarde. norte, sul, esquerda direita, voo directo,escalas.
tudo, nada. medo, coragem, força, fraqueza, lágrimas, gargalhadas, pessoas, coisas, cigarros novos, o mesmo fumo.
e depois... depois é tarde demais sempre. é um estar para vir que nunca é. mesmo antes de chegar deixou de o ser, deixou de importar. o futuro escreve-se no presente do indicativo, com a tinta de cada momento e sem previsões ancestrais, ou mapas de astros.
o depois é um silêncio que, mesmo antes de o deixar de ser, termina, onde nunca sabemos o que vamos ouvir, mas podemos adivinhar o que vamos dizer.
o depois é uma morte anunciada dum qualquer agora, um caminho nenhum, sem destino ou chegada, é uma interrogação extensa, que por muito pensada não se pode programar, é um tempo morto entre o que já gastámos e vamos gastar. é um moeda sem mercado de troca.
depois, depois não interessa, porque o tempo que está para vir só existe para quem tiver que o viver. nem o tempo o melhor de todos os destinos consegue saber quem vai encontrar, como pode então o Depois importar...
depois é longe, agora é aqui, é aqui que estou!
(e o depois de agora... o depois de agora Não interessa)