há coisas que queremos tanto, que às vezes falar delas tira-nos o medo da barriga e passa-o para o nosso peito... respirações e toques que nos colocam em diferentes dimensões.
depois há a ilusão dos momentos, a perfeição que do significa algo para uns que pode estar aquém do que significa para os outros. mas, de formas diferentes, a medida de desejos de diferentes pessoas, que em algum momento se cruzam, são momentos, e desejos perfeitos ...
o certo é, que há coisas que sabemos, como se de uma intuição maior se tratasse, mesmo que represente as maiores mentiras naquele instante são para nós as verdades, as únicas verdades. coisas que não são ditas, nem ouvidas, que existem guardadas no silêncio de onde ainda não saíram, mas onde já sabem que existem.
houve um dia, tão simples, como os demais dias são, que a minha casa aumentou a muralha que separa a minha tranquilidade do caos do mundo lá fora; aumentou a certeza que existe a minha casa, em qualquer lado do mundo onde possamos estar juntos, não importa o espaço, o tempo, se vamos de bilhete na mão ou em busca do desconhecido.
naquele dia de outubro, acabados de chegar da cidade onde consigo ser o ser vivo mais feliz do planeta e respirando beleza e frescura a cada raio de sol dourado que acumulámos na pele, com todos os meus sonos trocados, ali mesmo em casa, com o cheiro a avião na pele e roupa suja na mala, estava eu a caminho do banho e tu puseste aquela música a tocar....
vieste ao meu encontro, ali mesmo na porta, entre o quarto e o corredor, estavas ali, ,atrás de mim, num abraço, tiraste-me para dançar e em segundos eternos, disseste amo-te.
ficamos ali tu e eu, o meu frio na barriga, a nossa casa, perfeito forte do imperfeito que também somos, ficámos ali, num para sempre que se prolongava no som da música a tocar, (estavas ali na minha tranquilidade feliz)...dançávamos entre o quarto e o corredor, ficámos, eu e e tu, nós, e o dia em que o meu corpo sobe o que já sabia, mesmo sem o ter ouvido, soube que algures no nosso destino, ias pedir para casar comigo!
.... ( e um dia aconteceu.)
photo: @goldendays , quinta da cerca, 2015