não foi fácil chegar, mas também não foi difícil como se imagina que seria;
muitos plano, sonhos, quedas, coisas que aconteceram e não aconteceram, mas a lei da vida faz-nos andar com o tempo e eles cá estão...
cheios de simbolismo e algumas conotações sociológicas, mas sem muitas alterações iniciais, são trinta e quase que podia dizer que são os vinte... os parabéns não mudaram de letra, eu não deixei de ser quem sou. como tive oportunidade de dizer, não fui atirada para um profundo e negro buraco, onde habitam seres idosos, as minhas mamas, não mudaram de lugar, as minhas pernas não ficaram cheias de crateras celuliticas, e os meus olhos não têm mais rugas; enfim, sigo por aqui...
andava há algum tempo a conjecturar sobre o que escrever sobre esta idade, procrastinando sobre o tema... afinal escreve-se ao trinta sobre o que? sobre o passado? sobre o que fomos, ou sobre o futuro? o que vamos ser?
concluo que o exercício é por si difícil, mas não por serem trinta, talvez mais por serem reflexos do nosso eu... que chegam à meia idade interrogando-se como ela será.
não sei como é ter trinta, de facto passados uns dias, continuo sem saber. não sei se por os ter festejado só há dois dias, ou se por de facto a minha cabeça não sentir diferença dos 29 para cá, ou talvez porque parei algures onde não se quer crescer muito.
as pessoas crescidas mudam de noção de tempo, as pessoas crescidas são obrigadas a ter os pés no chão, (lugar destinado aos sapatos, não aos pés) , as pessoas que crescem deixam de dizer palavrões e andar em rebuliço, (os meus pais na sabem que eu digo quantidades industriais de palavrões de vez enquanto, muitas vezes, mas eu sou assim muitas vezes); as pessoas crescidas são muitas coisas que eu já sou, muitas que convencionalmente não quero ser, e outras que não são e que eu já sou. os trinta não mudam a forma que tenho de ver isso.
chegar aqui é sem duvida perceber como em qualquer aniversário, uma serie de coisas entre aquelas que mudaram. há uma lista enorme de coisas que era suposto acontecerem ou terem acontecido e que não se concretizaram, das quais não há muitas sem qualquer problema em não terem ocorrido, porque as nossas vontades mudaram e esses planos deixaram de fazer sentido; há uma lista de desejos que deixa de ser nossa e passa a ser de alguém que fomos num passado lá detrás, um lista de planos que fazemos para a frente que nunca nos passou pela cabeça. algo que me diz que viver é assim mais ou menos isto.
aos trinta mordes as velas certa que o que mais tens de permanente é a impermanência, e não pedes um carro, um marido, o euromilhões, ou aquela viagem, mas pedes saúde, e no sopro das velas vai uma energia que aos vinte não sabias sequer que existia, e uma vontade de ir em frente para um frente que mudou de rumo algures no passado sem que te apercebesses.
fruto dos trinta ou não, escolhes o que fazes, com quem queres estar, dizes que não muitas vezes e preferes o teu sofá muitas vezes do que programas aborrecidos com pessoas chatas que se lembram de ti porque choveu e não tem ninguém com quem falar.... e como este exemplo podia avançar mil. no entanto entre a seriedade de escolhas concretas que agora são fruto da tua personalidade amadurecida pelo tempo que passa, e pela criança que não deixas morrer, podes pallhaçar, parvar, rir, gargalhar, dizer o que pensas, incluindo palavrões, com mais segurança que nunca, longe do medo de não seres aceite e longe do temor de não gostem do que tu és, distante do teu eu que ousou algures não gostar de ti própria.
se pensar assim é ter trinta, pois já tenho trinta há alguns anos, a boa noticia é que não estou a pensar deixar de os ter :)
nesta altura em que juntei pessoas que gosto para celebrar, em que tenho por perto pessoas que escolhi, que me escolherem e que de bênção a vida me trouxe e me deu, sei que há um medo quede vez enquanto passa por aqui mais vezes, chama-se o medo de não ter muito tempo para viver tudo, que em palavras mais simples poderia traduzir no medo de partir cedo demais para tanto que o mundo tem por ai...
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espero que os próximos trinta sejam só o consolidar do que sou, com mais e muitas coisas que gosto a passarem comigo por dias que me mostram a sua progressão no tempo, e me ajudam a aceitar com felicidade e facilidade cada soprar de velas de que vou poder usufruir. espero ser melhor que hoje para os viver em pleno com força, determinação, pouca preguiça e certa que o melhor caminho ás vezes não é o da direita ou o da esquerda, mas é o do ir, ir em frente, ir para algum lado, mas ir...
que as viagens deste caminho me encham de sabedoria e que o prazer de as fazer com quem mais gosto não se esgote nunca, que saiba eu alimenta-lo, vivê-lo e que em tempo algum me esqueça de agradecer... agradecer o tudo, o nada, o bom e o pior, porque só assim poderei estar aqui e passar com o tempo em mais letras para escrever, abraços, em mais beijos, em mais amor, em mais amor, em mais amor....
deixei os quase trinta há tão pouco e mal dei por isso. que assim seja...
um brinde à minha saúde e à minha sorte imensa de Te ter , de vos ter... de saber todos os dias disso, mesmo naqueles em que de alguma forma me esqueço. é oficial a partir de agora passo por lá com trinta e até gosto!
(sorrisos e gargalhadas )