19
Abr13
os outros , os nossos
Carolina
não há razoes para o presente, porque normalmente quando pensamos sobre ele, ele já o não é.
vivemos indefinidamente entre o passado e o futuro, e o futuro onde nos lembramos do passado; e ainda no passado que transforma o futuro com tantas lembranças, pensamentos e coisas.... várias, diferentes, tão nossas, e tão dos outros.
encontrei destes dias, entre mudanças, umas fotos de mim, dos meus, de muitos que ainda são e de outros que só agora sei que nunca o foram, uns cadernos com poemas e textos que já não são no sentido de serem, coisas de e sobre pessoas que pensava não me lembrar mais, sobre um mim que já não é assim.
este meu passado distante existe, arrumado entre as caixas que abri e fechei, entre armários onde nunca vou, entre estantes que mudam de lugar, existem fechados na lembrança que são. são o melhor que escolhemos viver, que não lembramos todos os dias, mas que quando pelo acaso aparecem junto de nós, nos levam numa viagem dentro do nosso destino para nos recordarem do que já fomos.
ao pensar sobre as coisas descobri que naquele passado mais perto de nós, e ainda no nosso presente estão aqueles que dele já não fazem parte dele... uns por escolha, outros por opção, outros porque não sabemos, ou já não nos querem, ou já não nos lembram. com alguma tristeza recordo a sua existência funesta no mais importante dos meus dias, e desconheço muitas vezes as razões da sua partida.
conforto encontrei nos distantes, presentes muitas vezes no nosso passado, e ainda que longe na presença física são tão nosso futuro, pela presença, pela preocupação e pela existência que se juntam ao que faz parte de nós. Constatei que nos ausentes há aqueles que voltam sempre que a sua vida muda, ou mudam, ou de necessidade, às vezes estamos disponíveis para a sua chegada de braços abertos, outras vezes recusamos a sua entrada. dentro dos ausente estão aqueles que não voltam mais, dos quais nas fotos e nas lembranças conseguimos colocar as memórias e encerrar as suas "estórias"; normalmente felizes e boas, porque a minha mente recorda com mais facilidade o bom, o melhor e o mais feliz. para estes olhamos com ternura e reconhecemos num sorriso, num flash um dia que passou, uma situação caricata e coisas que sentimos e ousamos fazer sentir, são estes os nossos passados felizes, que nos enchem de orgulho e contrastam na maior parte das vezes com o que somos hoje, por terem feito sentido num tempo que não volta, num contexto distinto e com um nosso eu, que já mudou;
Todos nos ajudam a nos projectarmos no que vamos ser, uns mostram-nos o melhor que podemos ser, e os outros o pior com que nos podemos cruzar.
Todos são um ir, um voltar, e alguns um ir e voltar, alguns destes, os que não vão, e os que não voltam, são os outros... seguimos com os que querem seguir connosco e com os que escolhemos para as nossas passagens, esses são os chamados nossos....seguimos em frente, passamos por lá, acompanhados pelos nossos, e assim é bem...