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Passa Por Lá

Passa Por Lá

28
Jul09

(menino)Verde

Carolina

Viajar de comboio, pode dize-se, ou melhor, posso eu dizer, que é um "continum" movimento sobre carris e vários metros em palmos de terra, que de outra forma de transporte se assumem muitas vezes como desapercebidos...
Nesta viagem em especial, esta que se distancía em tempo por já ter passado algum, não me cansei de encontrar a mesma mensagem em todos os momentos. Neguei a força dos sinais nesse tempo...descobri que é sempre mais facil ficarmos presos ao que nos faz mal, nos causa desconforto e instabiliza, nos deixa assombrados, entorpecidos, muitas vezes apagados e imundos no pó que recusamos de nós tirar! sei hoje que a mensagem em tudo era boa e renovadora, intensa, quente como o povo e o comboio que a transportavam...
Passado o tempo, esta viagem, este tempo naquele comboio e não em outro qualquer, torna-se mais rica em tudo o que ela me disse, me mostrou, me vai dizendo e ainda mostrando...como muito de mim, esta viagem é assumidamente em sinal de pontuação chamando, reticências...não vagas, não totalemnete abstractas, mas envolvidas no tempo, nas curvas da linha de comboio, no movimento, no continuo.

Desde do momento em que me sentei na cabine lado a lado com ninguem, cheirando o pó imundo que a percorria e que contava a história das centenas de pessoas em movimento a passar por ali lado a lado com a pobreza, até ao facto de ter encontrado razão para não ter tirado bilhete na 1º classe e circular diante de toda a imundisse e realidade encardida daquele país, tudo fez e faz um sentido diferente e carregado de diferentes importâncias...
Mulheres pintadas lado a lado com burcas exageradas, chinesas mulçulmanas com fihos pálidos dolce e gabana dos pés à cabeça, meios pés com morenos e monhés de sacos de plástico carregados de trapos... Velhos desdentados e velhos desde o sentido lado ao mais estrito, circulando nos corredores a fumar o pó no comboio e o pó de todos os fumadores, latrinas nojentas, gritos islamicos, colheres a bater para passar um hospedeiro com os sapatos imundos a destoar numa "tualette" quase europeia, quase fashion, quase na moda, como noutro TGV, ou avião em viagem intercontinental...
Não esqueço o chinês e a sua irmã, duas criançasa rondar os 8 anos,sorriam para mim, alias riam de mim, do som do meu telefone, do meu aspecto, dos meus movimentos, troquei com o miudo alguns dos sorrisos que mais falaram ao longo do tempo que conheço para contar, trocando mensagens como o fecha ou abre a porta da cabine, ou o deixa-me passar que tenho de fazer "xixi", mostravam-me aqueles sorrisos a empatia que tenho, a capacidade de chegar aos outros e de sem presunção o assumir assim descarada e "chapadamente"; em frente a duas crianças que de telefones topo de gama na mão se fotografavam com ele, riam de mim e para mim, e me entendiam tão bem como eu a eles, duas crianças vestidas com o mais dourado possível, imitações conceituadas compradas na medida, ao lado de vestes enormes que tapam quase a alma daquelas mulheres que altruistamente viajam com os seus filhos...

Podia continuar a descrever a velhice dos outros que me mostra a sua historia de viver e a forma como entranharam na cor da pele a filosofia de ser e estar num lugar onde o dia é enorme e importa trabalhar para turista ver e comer ...mas não posso deixar de falar na alma que ousei fotografar...verde de roupa, e também de esperança, 4 horas de olhar fixo num caminho que todos no comboio poderiam saber de cor, se o dissessem de estação em estação, 4 horas a usar o vidro como o mais tradicional dos intrumentos tradicionias, a fazer musica com os seus dedos, soletrando o poema da sua curta vida, numa canção muda, de certo cheia de sonhos,hora cantando, hora balbuciando, ou em silêncio soletrando pequenos versos do cantar para mim e todos os outros viajantes, desconhecido, fotografei o menino durante algum tempo, sorrimos de forma a que ele consentisse as fotos e eu pudesse percorrer com a lente a sua essência, sem pecar ou abusar... Ele sabia-se fotografado e eu enebriada e envolvida no facto daquele a olhar pela janela, dele me estar a dizer tanto, me mostrar a continuidade daquele caminho, daquela vida, daquele miudo que fotografava com vontade e que se deixava imortalizar nas minhas viagens como um passo importante nesta... Não esqueço a sua forma de olhar, de se aperceber e de no momento seguinte voltar para as suas cantorias, sonhos e vontades... Perfeita a foto e o momento, o sinal de força, de espera, de batalha, de acalçar o que se quer, deseja e procura... Mesmo com os miudos chineses a rir da minha figura meio deitada, de pé, sentada ou quase no chão para fazer aquele momento numa foto e deixa-lo em mim para recordar, mesmo sem ninguem entender o porque daquela foto a um desconhecido vidrado e espelhado numa janela porca de um comboio velho... disparo, disparado...Foto!
Tenho espelho e reflexo de alguem que nao conheço, uma criança e tudo o que ela simboliza, uma janela, um olhar sobre ela, e o póprio cantar, linhas que poderia continuar a preencher e a a entender, a namorar para não se perderem no tempo e nas memórias... (tudo isto acompnahdo pela respiraçãodo teu sono, da tua boca entreaberta, sentada no banco mesmo ali na frente, e logo depois pelo teu corpo encostado ao mesmo vidro, na mesma janela, tocando outras canções que melhor conheço)...
Sinais de uma viagem num comboio, que me mostraram que continuar é possivel, é bom, e sou eu então muito capaz de rir e ir, de largar no sofrimento a ideia fixa do não possivel, encontrando o caminho do concretizavel... dissipando os sempre não, encontrando o ses do que será capaz de ser... muito melhor a cor verde!!!

O menino de verde é a recordação de toda a viagem, cabe nele tudo o que ela foi e ainda um pouco do seu continuar, do que tudo pode ser e passar a ser, porque verde é sempre verde, e neste caso é ainda esperança, confiança, preserverança, lembrança, ser, conseguir, ter, experênciar, praxis dos nossos momentos e só dos meus... é verde...(assim diz esta pequena mensagem...)


23
Jul09

gargalhada

Carolina
A musica está docil, não muito alta, não muito agressiva, acompanha-nos nas nossas palavras, nos nossos gestos, sem que nos apercebamos dela.
Está quente embora dispersa, está lá também...
Aperto-te a mão que levanto e docemente observo, construo com ela junto dos meus dedos uma iamgem qualquer que não conheço nem memorizo, não perco no tempo o tempo de me aperceber de tal...
Sorrio, olho para ti e fico assim, no meio do discurso, da conversa, dos liquidos que já bebemos e não recordamos e dos que ainda ali estão, não preciso de saber mais nada, tudo o resto por instantes se reduz no que queremos dizer, no que vamos fazer, no que realmente não interessando muito ganha o maior de todos os interesses!!!
Num momento sinto que os teus olhos me veem perfeita, no momento a seguir sei que espelho semenhante mudando a direcção do sujeito... fica tudo perfeito... olha para dentro de mim, e percebo que de tanto sorrir, umas vezes com a máxima força, outras no mei de lágrimas acidas, outras com o medo de sentir toda a força do que é o bom, acabei por conseguir, depois da batalha, das horas mortas, do tempo seco, do tempo frio e claro do quente, (acabei por ver que)vem arduamente conseguida a minha gargalhada, ali num dos nossos momentos, de forma simples e natural soltou-se... E num abrir e fechar de olhos, no simples instante, com toda a simplicidade do contexto em que nos fazemos, dou conta da minha sentida felicidade!!!
Solto uma gargalhada, olho para ti.... tudo o resto que acontece... e numa gragalhada interior adormeço no simples até amanhã... sem insónias, sem mais pensar, sem querer saber...

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