20
Set07
No meu, no teu, peito!!
Carolina
Falta-me o ar, respiro ofegante, entre a certeza do ar que vem depois e do grito suave que vou querer exalar de mim, só para o teu peito ali, distante e perto, receber como eco.
Na parede branca escrevi as sensções tensas e intensas com suor e força, com o toque, com as mãos e com o corpo, o teu peito esse encostado a meu corpo, a tocar uma canção única, pautada por aquele momento, deixou-me ouvir o teu coração descompasado do meu, num bater rápido e desintonizado.
Depois mais calma, depois da rota e do traçado agitado já percorrido entre o traçado e os sons que não fitamos de um mundo que não para, e passa lá fora, tocas no meu cabelo e vais-me encostando a ti, aninhas e ajudas a aninhar-me ali, no regaço, apertas-me contra o teu peito e num mimo só ficamos ali em silêncio, a divagar, sempre longe da intimidade daquela ausência de som, com medo do que ela nos possa querer dizer.
Estamos assim, entre o meu peito e o teu, entre as mãos que se juntam, e os olhos que se trocam, aproveitamos o quente um do outro, e naquele tempo que temos, somos de um para o outro, sem direcção de partida ou chegada, damos e recebemos tudo, no peito, damos e recebemos muito do que queriamos ter logo a seguir de manhã, mas que optamos por não ter e não querer, optamos por não dar mais, porque a sabemos que outra e outra vez, podemos ter a frescura do orvalho em vez do frio da chuva, podemos ter o quente da primavera em vez do calor abrasador do verão. Vamos andando numa simbiose mutua e de aproveitamento consentido, esperando o nada, porque o maior privilégio que temos é o natural que somos e a capacidade de sabermos viver com isso...No teu peito, no meu peito, um dia destes,..depois logo se verá...
Respiramos assim o mesmo ar, sobejamos o mesmo prazer e bebemos do mesmo, enquanto passamos assim por lá, e na loucura nos permitimos aninhar e recuperar no peito um do outro, na descoberta de sermos um pouco, muito iguais...