Entre o pânico e o espanto, entre o querer e o ter, entre o nada e o balanço do vento, entre o dizer e o calar, entre o desespero de não saber como guardar e a vontade de dizer e de entender, há uma balança... A balança que nos une, que nos separa, que nos grita cá dentro, que nos corroi num assombro grande e que mais uma vez pesa o teu, o meu, o nosso medo... A balança do tempo e também a balança do desejo, a balança que te vai dizendo o que o sopro do vento me pede que vá soltando para ti..esta balança, este andar assim, esta inexpliacvel forma de ser o que não se explica, este passar por lá, que não sossega, que não estanca, que não termina mas que também não se entende...
Não sou ninguém para saber tudo com certeza, mas sei que nunca espararias por mim, porque sentes o medo de perder algo, algo que me impede de te dizer com muita vontade que posso ser eu, posso seu o alguém com um pouco mais para te dar... Sei que não podes abrir os teus braços para mim como se abrem os meus para ti e tanto te baralham, porque te mostro a todos os momentos este meu mundo de viver com o corpo, com as mãos, com as palavras, mas sempre com o que sinto. Sei que não sou eu, sei que na hora de te quereres um colo vais olhar p mim mas não serás capaz de pedir, porque uma parte de ti pensa que sou de vidro, uma parte de ti tem medo de me partir, como uma outra parte do meu eu teme quebrar-se não pelo toque, mas por gostar de mais dele... Acabamos confortados, encostados no que temos, nesta espiral sem cor, mas cheia de energia que no fundo procuramos infortuniamnete entender, explicar e viver de outra forma. Acabamos assim, sem saber, sem tentar, esticando uma corda, que vai ter de quebrar num instante qualquer, aí vou passar a ser o ninguém que sabe que não devia ter desistido, que não devia ter ficado a ver e devia ter feito mais observar este passar por lá... talvez aí aprenda que só se sabe depois de tentar, que só depois de fazer se pode entender melhor... talvez passe por lá, antes...talvez...
Perdida em ti, ou talvez perdida somente no tudo que te envolve, que me envolve, que me leva.. Perdida entra a muralha do medo e doce de tudo o que ainda que com temor já somos, loucos, buscando no mundo a esperança para um respirar mais solto e coragem para um beijo maior, mais longo e de cada vez mais nosso... Perdida, sim, completamente perdida em ti, nas tuas palavras, no teu colo, no teu olhar e longe do teu mundo. Perdida em ti, porque roubas ao teu tempo um espaço para mim, porque me dás tanto com o nada, porque estás ai, e como vês, já me fazes sorrir... Todas as lágrimas que choro num ou outro momento, amargam menos pois perdem-se em ti, no teu tu, no teu estar e na tua forma de não entendendo seres capaz de sentir cada uma delas, todas as gargalhas que vezes sem conta solto, todos os desabafos, desejos mais e menos comedidos, todas as minhas loucuras, me levam até esta perdição, que me balança, que me troca,que me encontra... Perdida em ti, perdida com medo, perdida e solta, perdida só...perdida sim, na ansia de mesmo perdida, passar por lá... És assim, fazes assim, vives assim, és tu assim...Deixas-me assim, completamente perdida em ti!
Sempre tu... Sempre eu, aqui ali, sempre nós, neste nosso respirar, nesta fuga assumida, neste suspiro distante... Sempre tu quando durmo, quando ouso fechar os olhos e ter por perto o toque que não conheço, o teu respirar na minha orelha que de forma audaz procuras para me dizer boa noite e pouco a pouco com as tuas palavras me levares ao envolvimento quente das tuas mãos. Sempre tu, quando o embalo é terno ou quando é forte, quando preciso de força a colar-me na parede, quando preciso de um colo, para simplemente me encostar e não dizer nada..Sempre tu quando o silêncio vem, tu espelhado no meu sorriso, e tantas e tantas vezes na vontade do meu olhar.. Sempre tu aqui, sempre eu a dizer flutuando que sim, sempre de mansinho a chamar-te para mais um momento indescritivel nas palavras, impensavel nas imagens mas tão denso na minha assumida vontade e na tua forma terna de nada dizeres.. Sempre tu para não doer e sempre eu a desejar sentir um pouco da tua força nos meus braços, o teu corpo no meu corpo e a tua voz colada ao canto dos meus olhos que te querem olhar e ouvir mesmo que não digas nada.. Sempre tu, sempre este calor que me dás e me tiras, sempre este peculiar estilo de sermos nós não sendo, de cuidares de mim sem me dares a mão, de me roubares ao tempo que passa e me fazeres esperar que aconteça num louco momento, o nosso passa por lá!!
Sei que não é preciso dizer, sei que não esperas que o faça sequer, sei que provavelmente não o vais escutar, porque continua aqui no mundo do sentir...e porque sinto assim,e só por isso, queria dizer-te obrigada, sim mas queria fazê-lo do meu modo, entre o toque no ar que respiro na tua orelha, entre o doce da cada letra desta palavra e depois suavente ser capaz de retribuir cada momento, cada amparo teu. Entre o sussuro e o olhar quero agradececer-te, talvez como o faço sempre, sem falar, mas desta vez com a certeza que chega a ti e não se perde mesmo por aí, por este tanto imenso que sempre nos rodeia.
Não sei se este caminho que por vezes traço para dizer que sim, que te quero dizer obrigada, não só pelo tempo, não só por seres assim e me deixares ver-te tantas e tantas vezes entre um mundo que te vai pedindo e chamando para seres diferente, não só por um infito descrever de momentos para os quais as palavras seriam pouco e só tão somente por seres tu, não consigo entre o tempo que passa, deixar de sentir esta gratidão infinita que se tivesse cor seria branca. No fundo, mesmo sem veres, sinto que encontras este meu obrigada, que o vês talvez por entre todas as outras coisas que te digo, mas o melhor de tudo é saber que estás aí, no perto da nossa existência, no longe da nossa iminência, mas que estás e vais ficando, sempre como quem passa por lá, sempre como quem volta e logo vai, sempre como não sabe se fica; mas que vem, mas que está tantas vezes onde estou e tantas vezes onde me imagina...obrigada pelo teu tu, obrigada por isto!!
Falaram-me hoje em distancias, e eu nem reparei que era assim tão longe chegar até aí...naquele instante do dia não vi de ver o que me diziam, não liguei a noção de metros e quilometros, não me passou que estivesses assim distante deste lugar onde me encontro, me perco e respiro... Talvez porque não te sinta longe, porque me embalas sem me cantares uma canção, porque me adormeces sem me contares uma história, porque me dás colo sem saberes, porque estás aqui dentro, e confesso, às vezes nem eu sei que tás... Não penso, reflectir levaria-me sim para muito muito longe, para o mais distante de ti, para o nunca nós, é por isso que fico assim, entre o não entendo e o não dizendo, entre o som do que me dás e o sono que me tiras, entre as palavras que me dizes e a música que fizemos sozinhos, à distância, um para o outro, sem nunca a termos tocado juntos!!