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Passa Por Lá

Passa Por Lá

24
Mar06

Por aí...Cega!

Carolina
Andei por aí cega...tapei os olhos com a ilusão de uma lua que só eu via brilhar...
Pedi a mim mesma para ficar assim, para não desistir e ir embora, para não deixar para trás o que afinal se construíu.
Andei cega, sempre a ver os lados e pelo lado, a negar a mim que os meios, eles também existiam, que estavam ali, prontos para abrirem uma pequena janela das suas vidas, e convidar-me a entrar.
A cegueira não nos impede de ver tudo, e também não nos permite deixar de ver o que pensamos que não existe, que é simplesmente capaz de matar as imagens, de deitar por terra tantas covicções...
Andei, e pronto...
Mesmo assim, durante essa cegueira estranha, que quase não senti, tive a coragem de assumir, para mim, a existência de um outro lugar, esse lugar onde espero que passes, onde chego algumas vezes e me sento, esperando viver no real o que já ousei sentir, mas guardei para mim...
Hoje, posso gritar, sim, sem medo dos ecos, que gostava muito que espreitasses o canto que criei para te guardar, mesmo, sem saber, o tamanho do espaço que precisas...
O tempo passou, os meus olhos mostram-me o que antes me escondiam, os meus sonhos são outros, a linha que sigo também...estás por aqui, diferente, mas estás, por isso continuo à espera, que um dia te chegue a mensagem... "Passa Por Lá.."
20
Mar06

Eu Nunca...

Carolina
Eu nunca vi o mar da cor rosa, nunca vi o céu lilás, nunca vi as árvores com os ramos na base...nunca vi um cão azul... não sei se por aí, há algo assim...não sei, não vi...

Nunca vi o sonho, não, nunca o vi passear pelo jardim, nunca da minha janela o vi a subir a encosta ou simplesmente a caminhar...e isso intriga-me...

Nunca vi o sonho, e ele é aquela metáfora constante, que recordo quando penso naquela frase que repito tantas vezes, quantas tal sensação me atinge..."olhas-me, mas, não me vês"... Isto que tu fazes comigo, eu faço com o sonho...olho para ele mas não o consigo ver. A minha retina não o fixa, se não fica tudo enevoado, ele passa a correr, veloz em demasia; a entropia que se instala à sua volta é sempre imensa, como imensa é a complexidade do seu significado...

Eu nunca consegui ser como tu, nem sequer consegui conhecer-te...

Nunca percebi onde andas, nunca te cheguei a encontrar, não parei o tempo e fugi, para lá, para mais perto...

Nunca li um livro capaz de contar aquela história, sim a minha, a tua e de um todos que por aí passam... mesmo as autobriografias falham, são episódicas, leves, contam o que se pode dizer, o que se quer que se saiba e não contam a vida, não contam a história, a história do sonho...

Nunca joguei ao "eu nunca" sem ter pegado no copo para beber, nunca perdi um comboio, mas sim muitos autocarros... Nunca escrevi tantas vezes nunca, nunca disse tantos nuncas descabidos...

Eu nunca te pedi nada, nunca me ouviste ao teu redor a falar, a dizer, nunca te contei o meu sonho, porque nunca o contaria nem a ti nem a ninguém...jamais negaria que ele existe, um eu em mim, vive dele...

Sabes a que eu me refiro?! Não ao da loucura, mas ao da sanidade, sim o eu que vive da esperança, que vive do tempo, esse que oferece tudo num simples passar, porque é doente irrequieto, que não para para não morrer...

Hoje, não sei porque digo, escrevo assim... Geralmente há em mim aquela razão, o pensamento semente que me faz começar a pensar para o papel...eu nunca me esqueço dele, uso e abuso da sua forma, faço frases na cabeça, para as condensar nas minhas ideias...

Acreditem, é verdade, eu nunca escrevi nada assim, desordenado, solto, como hoje, eu nunca te vi entrar, eu nunca neguei que esperava...mas agora, como nunca, falta-me o tempo, sim esse, que irrequeitamente nega parar, eu nunca te disse isto, eu nunca te disse nada, mas agora, o nunca está aqui, para me dizer, que "Passa por lá", mas não pára, tu não vais, não estás, e o nunca mostra-me que eu não tenho voltado lá.... a razão é que nunca a vida me mostrou um pedaço que vejo agora, não só com os olhos, mas com todos os sentidos...

Nunca eu tinha visto assim...

 

 
04
Mar06

Fado

Carolina

Há por aí, no mundo, alguém ou algo, melhor que o fado, para espelhar, num sopro vago, a magia dos cinco sentidos?
Não me parece... mas a minha simples ignorância pode fazer-me pensar assim... O Fado é o misto, e o misto é o melhor para nos mostrar com rapidez e languidez o sabor, o toque, o olhar, o som e odor, do que se vislumbra, mesmo que num fundo tão distante, longe tão longe, que lhe nega contornos...
Fado é tudo o que eu não consigo dizer, é mais que cantar uma língua, um país, uma dor...Fado não é só saudade, não é só o negro dos xailes, o frio da noite que chora ao som de uma e outra guitarra. Fado é dedilhar a vida e não o instrumento...fado és tu, sou eu, e mais aquele que não sabes onde está, se algum dia virá, sim, é o nevoeiro, que ousamos metaforizar, por nos custar tanto a aceitar, quando não deixa simplesmente de ser, o futuro!!!
Fado é triste?
Não sei se é...
Fado é musica?
Também...
Não sei do teu fado, não sei do fado da gente, das pessoas que correm de um lado para o outro dia atrás de dia, não sei mas imagino o fado, daqueles que cantam pela manhã e que trabalham com as mãos, uma terra, que lhes dá de volta um pouco, do que eles lhe ofereceram...
Não sei de ti, não sei do fado que ouves...
Sei que algumas horas do meu fado, até são doces, mesmo frias e escondidas entre a pedras de algumas arcadas e pontes, é o fado da espera, mas que não perde a vida, não perde os sentidos...
Tactilmente, fica a ver, docemente saboreia o som que só u odor especial poderia trazer, e tudo isto enquanto espera, enquanto vai e volta, enquanto "Passa Por Lá"...
 
02
Mar06

Não vás...

Carolina
Nunca te pedi para não ires, nunca te pedi para ficares parado naquele lugar onde eu nunca fui, não conheço, não entendo, não sei a que cheira...
Dias tive em que sussurando te pedi, para andares um pouco e sem pisares o sonho, sem pisares um chão que criei para mim, e que gostava que até conhecesses...dias houve em que gritei desesperadamente para passares por lá num bocadinho, para roubares um segundo ao teu mundo e às tuas coisas, para só olhares e veres que afinal estava ali...
Hoje, não me apetece, não quero ir lá, não sei porquê, são dias, dias felizes, horas e horas em que nos lembramos de outros caminhos e de outros lugares onde deixámos de ir...
Não vou dizer, não vás, não faz sentido... não sei porquê, mas também não quero saber...
Adoro o que é meu e gosto tanto do que não conheço, e sabes porquê? simplesmente, porque não sei como é, mas tenho vontade, muita vontade de saber, de tocar, de sentir...
"Passa por lá", hoje podes passar, só ou acompanhado, (e se não quiseres não passes) não vou dar por isso, não vou querer saber...vou estar ocupada, sim...tirei umas horas para passar por mim...

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